Durante 250 anos os tropeiros foram responsáveis por toda a comercialização e transportes de produtos e informações no Brasil.
A palavra "tropeiro" deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil colônia. O termo tem sido usado para designar principalmente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, posteriormente São Paulo e Rio de Janeiro, porém há quem use o termo em momentos anteriores dívida colonial, como no "ciclo do açúcar" entre os séculos XVI e XVII, quando várias regiões do interior nordestino se dedicaram a criação de animais para comercialização com os senhores de engenho.
O comércio de animais foi fator determinante para integrar efetivamente o sul ao restante do Brasil, apesar das diferenças culturais entre as regiões da colônia, os interesses mercantis foram responsáveis por essa fusão e indiretamente, pela prosperidade tanto da grande propriedade estancieira dos estados do sul, como de pequenas propriedades familiares, em regiões onde predominaram populações de origem européia e que abasteciam de alimentos as fazendas pecuaristas.
Eles viajavam grandes distâncias, durante semanas seguidas, conduzindo gigantescas tropas de gado. Os veículos não eram caminhões-boiadeiros, mas pequenas mulas, que cumpriam com valentia o trabalho. A saudade de casa, a falta de notícias da família, o sofrimento físico no caminho. Às vezes faltava comida, a chuva, o vento e o frio eram companhia da maioria das viagens. A dificuldade era ainda maior quando os animais paravam para beber água nos riachos ou, então, quando se perdiam, os tropeiros eram obrigados a procurá-los na mata.
Tudo fez parte da vida dos tropeiros, homens que se arriscavam para impulsionar o desenvolvimento do Brasil.
A colonização do antigo MATO GROSSO teve por base o triângulo HOMEM- BOI e CAVALO.
Em 1767 Don Alvar Nunes Cabeça de Vaca, então Governador do Paraguai, adquiriu em São Vicente, na Província de São Paulo, uma manada de 1.000 cabeças de gado vacum, alguns touros e umas dezenas de animais cavalares e mandou transportá-los pelo interior do Brasil, até Assunção, na travessia dos descampados dessa terra de ninguém, que depois veio se chamar MATO GROSSO, extraviaram-se muitos animais vacuns e cavalares.
Foram as primeiras sementes do gado BAGUÁ, e dos CAVALOS CHIMARRÕES, aqui encontrados muitas décadas depois.
No final do século XVII, quando os BANDEIRANTES e MAMELUCOS vindos de São Paulo, andaram por essas regiões, caçando e preando índios, para levar como escravos para as lavouras de café e cana de açúcar, puderam se abastecer de algumas cabeças de gado bravio que por aqui encontraram.
Em 1842, quando os primeiros Mineiros chegaram ao Mato Grosso, encontraram tanto gado na região, hoje conhecida como RIO BRILHANTE, que a denominaram de CAMPO DAS VACARIAS.
Em 1865, quando as Forças Brasileiras, cruzaram estes rincões, na célebre Guerra do Paraguai, também se abasteceram do gado baguá, aqui encontrado.
E, nessa mesma guerra, dos ataques dos soldados paraguaios, durante a Retirada da Laguna, certamente também se extraviaram alguns cavalos nessa região.
Depois desta Guerra, muitos soldados que por aqui passaram, deslumbrados com as excelentes pastagens desta região, voltaram e iniciaram a FUNDAÇÃO de FAZENDAS de CRIAÇÃO de GADO.
Daí para cá, a pecuária não parou mais de se desenvolver, até nos tornarmos o PRIMEIRO REBANHO do Brasil.
Foram os HOMENS CAMPEIROS que iniciaram a COLONIZAÇÃO do Mato Grosso. Por isso, podemos afirmar que são eles o SUSTENTÁCULO da ECONOMIA do Estado.
Oficialmente, quem introduziu os primeiros animais cavalares e vacuns no velho Estado do Mato Grosso, foi Dom Luiz Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, 4º Governador de Mato Grosso, no final do século XVIII.
Antes desse grande estadista, o Mato Grosso era procurado apenas pelo ouro que tinha ou como caminho para as minas de prata do Peru, especialmente Potosi.
Graças às magníficas pastagens naturais, o gado vacum e cavalar desenvolveu-se muito bem e, em poucas décadas, já existiam manadas baguais em todos os recantos, principalmente no Pantanal. A origem do famoso CAVALO PANTANEIRO vem desse tempo.
Esses homens, rudes e duros, muitas vezes os verdadeiros conquistadores das regiões, abrindo caminhos, fundando povoações e ocupando áreas antes totalmente virgens da presença dos colonizadores. Ao longo do tempo os principais pousos se transformaram em povoações e vilas. É interessante notar que dezenas de cidades do interior na região sul do Brasil, em São Paulo, Mato Grosso, Goiás atribuem sua origem a atividade dos tropeiros.
" É preciso reconhecer, entretanto, que a penetração do gado e dos tropeiros no centro oeste nem sempre se verificou de maneira pacífica.
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